quinta-feira, 18 de julho de 2013


Ai que Saudades da Amélia


Nunca vi fazer tanta exigência
Nem fazer o que você me faz
Você não sabe o que é consciência
Não vê que eu sou um pobre rapaz

Você só pensa em luxo e riqueza
Tudo o que você vê, você quer
Ai meu Deus que saudade da Amélia
Aquilo sim que era mulher

As vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer
E quando me via contrariado dizia
Meu filho o que se há de fazer

Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que  era mulher de verdade

Ataulfo Alves / Mário Lago


Na música "Ai que saudade da Amélia", composta por Ataufo Alves e Mário Lago, encontramos um recurso linguístico conhecido como clivagemA clivagem coloca em destaque um elemento da frase. Para entender melhor, considere como exemplo o trecho da música: "Amélia é que era mulher de verdade. " Como podemos notar, o autor da música quis dar um destaque ainda maior à Amélia, ao fazer uso do verbo ser mais a palavra que na mesma oração

Clivar também está associado a dividir. O termo clivagem, tem uso em diversos ramos do conhecimento humano. Em psicologia, clivagem é uma espécie de cisão na organização psicológica do ser em nível de ego, em geral como mecanismo de defesa.  Em mineralogia, refere-se à fragmentação dos  mineirais; em biologia, remete à divisão celular dos embriões; nas ciências sociais, diz-se que clivagem é a separação que ocorre entre grupos sociais por razões diversas.


clivagem é, obviamente, um recurso importante na sintaxe do português moderno, ela é bastante utilizada em diversos gêneros textuais, e muito comum na língua falada. Sem duvidas pode ser considerada uma estratégia para dar ênfase ao que se quer dizer.   

terça-feira, 16 de julho de 2013

O Gênero Textual “Chat” educacional

O chat é um gênero textual emergente, constituído dentro do contexto da Internet. O termo chat, pertencente ao inglês, traduz-se como bate-papo e é usado para referir-se a um sistema da rede que permite uma forma de comunicação síncrona entre os participantes.

Para Bakhtin, teórico na abordagem de gêneros, sempre que falamos, utilizamos gêneros do discurso, ou seja, todos os enunciados são constituídos a partir de uma forma padrão de estruturação. Dessa forma, gênero pode ser definido como “tipos relativamente estáveis de enunciados”, elaborados por cada esfera de utilização da língua.

Como todo gênero, o chat apresenta elementos que o caracteriza, com suas diversas finalidades, o chat pode ser utilizado para conhecer pessoas, interagir com algum artista e debater assuntos controversos. Assim como outros gêneros, o chat também possui expressão de emoções, notadas  a partir do uso de sinais gráficos.

Em diferentes cursos, podemos encontrar o chat sendo utilizado como uma ferramenta integrante do ensino. Mas devemos considerar o fato negativo sobre o uso dos chats, que é a falta de estudos e normatização desse gênero.

Em seu livro desining web-based traning, Horton tem sido um dos primeiros a apresentar o estudo do chat social aplicado ao ensino/aprendizagem, como uma tentativa de normatizar o gênero chat educacional. O autor, ao longo de sua obra, mostra as diferenças do chat para fins educacionais para o chat social. Afirma que alunos e professores habituados aos chats com fins sociais, provavelmente, terão de se ajustar ao chat educacional, a fim de que ele seja eficaz.

Horton apresenta o chat educacional com os seguintes objetivos: promover sessões para tirar dúvidas, promover encontro de grupo de estudos entre os alunos, entrevistar experts na área desejada, dentre outros. Dentre algumas características também mencionadas pelo autor, podemos citar o número restrito de participantes (de 5 a 7); um espaço para trocas de idéias rápidas, espontâneas e emocionais; duração de 20 a 90 minutos, previamente organizados tanto em relação ao horário quanto aos objetivos.

O que se pode concluir é que o chat ainda é visto como um gênero em constituição e, consequentemente, como ferramenta ainda não dominada pelos usuários, devemos ficar atentos e nos questionar sobre o papel que podemos assumir como educares e como aproveitar ao máximo a utilização dessa ferramenta.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Palavras Polissêmicas

Agora vamos falar sobre palavras polissemicas. Polissemia se refere às palavras que possuem grafia e pronúncia igual, porém, podem ter várias interpretações. Leva-se em conta o contexto onde são aplicadas para que se chegue ao seu entendimento.

O humor, como exemplo, utiliza bastante desse artificio, já que o nosso português permite utilizar palavras com diversos sentidos.


Veja a tirinha humorística:





Encontra-se nessa tirinha um exemplo de palava polissêmica fora de contexto. Qual seria essa palavra e o por quê?

Voz ativa

Vimos anteriormente o conceito de Voz passiva analítica. Agora vamos falar um pouco de outra voz verbal, a chamada voz ativa, onde o agente da passiva passa a sujeito, enquanto o sujeito da passiva passa para objeto direto. Normalmente essa mudança de voz ocorre com o verbo transitivo direto:

Pedro escreveu o livro
     sujeito             verbo              objeto direto


                                                   
Agora leia essa conversa entre Mafalda e seus amigos e responda as questões seguintes:









Questões:

No primeiro quadrinho, a conversação está em uma forma verbal. Que forma verbal seria essa? Explique como chegou à essa conclusão.

No final da tirinha, Mafalda indaga que a vida nos dias atuais exige brincadeiras cada vez mais curtas.
Explique a fala dela.

domingo, 28 de abril de 2013

A voz passiva analítica

Para falar de voz passiva analítica, temos que compreender o conceito básico de voz verbal.
De acordo com gramáticas tradicionais, se o sujeito de uma oração for agente, teremos a voz ativa, se for paciente, teremos a voz passiva, e se for ao mesmo tempo agente e paciente, teremos a voz reflexiva.


Além dessas vozes verbais, temos também a voz passiva analítica, que ocorre quando a oração possui um sujeito (paciente), o verbo auxiliar, geralmente “ser” ou " estar", conjugado no mesmo tempo verbal do verbo principal da voz ativa, seguido do particípio passado do verbo principal.

O músico tocava piano. ->  O piano era tocado pelo músico.
Elas fecharão a janela.  -> A janela será fechada por elas.
Nós não trancamos o carro.  -> O carro não foi trancado por nós.
Eu o denunciei à polícia.  -> Ele foi denunciado por mim à polícia.
As crianças têm feito um bom trabalho.  -> Um bom trabalho tem sido feito
pelas crianças.


Nota-se que em sua  formulação, a  voz passiva analítica transforma o sujeito da voz ativa em agente da passiva e o objeto direto, em sujeito.

Aqui, uma tirinha onde encontra-se um exemplo de voz passiva analítica.



Nessa tirinha, Calvin indaga seu amigo sobre o que pode controlar nossos destinos. Algumas pessoas acreditam que seja Deus, outras acreditam que nenhuma influência externa definirá o nosso futuro. Para você, o que pode controlar o nosso destino?



O exemplo de voz passiva analítica encontrado na tirinha "Nossos destinos são controlados pelas estrelas"  na voz ativa viria da seguinte maneira: As estrelas controlam nossos destinos.